Você já viveu ou presenciou situações em que uma criança grita, joga-se no chão, emburra e/ou esperneia? Provavelmente sim não é? As birras, como podemos chamar essas atitudes comumente observadas na infância, podem ser irritantes, no entanto é uma realidade nessa fase. E por quê? Vamos às explicações.
A resposta está no córtex pré-frontal (observe a imagem abaixo, é a parte em vermelho). Coloque a mão na sua testa. Isso é bem aí que essa região se localiza, atrás da sua testa.
Entre as muitas funções que essa região apresenta como reflexão e solução de problemas, uma delas é nos impedir que respondamos a estímulos de maneira automática, sem pensar. O problema é que essa parte do cérebro só amadurece mais para frente lá na adolescência e vida adulta, e enquanto ela não está madura, a criança responde ao que vê e ouve fazendo o que quer e então situações de explosões de agressividade, choro e raiva, quando estão contrariadas, são facilmente observadas.
Biologicamente falando, durante um acesso de birra é como se a criança não estivesse raciocinando, dessa forma, as áreas primitivas do cérebro são ativadas, que pode ser causada por medo, angústia ou separações bruscas, seja de uma pessoa, de um objeto ou de uma situação. Ou seja, a birra nada mais é do que pura emoção no comando de uma situação que desperta insegurança na criança.
Então beleza Adriessa, já entendi, mas o que eu devo fazer?
Antes só faça um exercício comigo: NÃO pense em um pinguim de geladeira. Conseguiu? Dificilmente. Veja que às vezes até os cérebros adultos tem dificuldades em obedecer a um não. A dificuldade da criança é parecida. Quando escuta: “não pegue” o cérebro infantil se vê diante de um dilema. Palavras como correr, pular, pegar, ativam
automaticamente essas ações e o cérebro se prepara para executá-las, porém se a ordem vem com um NÃO na frente o córtex pré-frontal entende que a ação deve ser bloqueada. Mas como na criança, essa região ainda não está madura o cérebro infantil tem dificuldade para bloquear a ação. Portanto, cuidado: dizer não para um criança em cima de um muro pode ser um perigo, um convite ao pulo. O que fazer? Em vez de não pule, diga: fique parada. O cérebro da criança não enfrentará nenhum dilema para resolver e terá uma chance bem maior de obedecer e não pular. Você que é adulto pode controlar o seu ímpeto de dizer não. Dica: dê ordens positivas e ajude o cérebro da criança a obedecer.
Outra maneira sábia de lidar em situações de birra é colocar a racionalidade da criança para funcionar, desviando a atenção dela para outra coisa ou explicando o porquê daquilo que ativou a birra. Por exemplo, se é hora de ir embora, hora de ir para a escola, se acabou a brincadeira é preciso explicar porque ela precisa ir para outro lugar. É preciso despertar interesse pela experiência seguinte. Não ceda aos apelos da criança e mantenha a palavra. As crianças precisam entender que nem sempre terão o que desejam, quando desejam e que sua insistência não vai adiantar de nada. Evite gritar e bater. Usar um tom de voz calmo, mas que passe confiança, vai fazer a criança perceber que a birra não está lhe atingindo e isso também pode te ajudar a manter a cabeça no lugar. Os pais devem ser firmes e mostrar quem coloca as regras no dia a dia.
Importante: essas são apenas dicas. Costumo dizer que é muito fácil falar quando se está de fora da situação, então aproveite o que achar interessante e pertinente, porque os cuidadores da criança e que sabem o que é melhor para elas são vocês! Até a próxima. 🙂
Referências:
Como a neurociência explica a “birra’ infantil”?Disponível em https://catraquinha.catracalivre.com.br/geral/cuidar/indicacao/como-a-ciencia-explica-a-birra-infantil/. 2017.
HERCULANO-HOUZEL, Suzana. Por que as crianças não obedecem ao não. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=osYNkwuv4hA. 2008.
2 Comentários. Deixe novo
Aqui é a , Cristina Nunes eu gostei muito do seu artigo seu conteúdo vem me ajudando bastante, muito obrigada.
Muito bom, dicas valiosas!!! Bjsss