“Adriessa, eu quero estabelecer novos hábitos de estudo e você já disse aqui que a motivação é muito importante para o aprendizado. Então o fato de eu querer significa que eu já vou conseguir?”
Opa, vamos com calma! Querer é sim um passo importantíssimo e a motivação pode estar atrelada, mas não é o suficiente. É preciso agir.
Caso você não tenha hábito de estudo, saiba que o seu cérebro pode ser um grande vilão nessa história. Isso porque, ele agirá de forma a gastar menos energia possível. Lembra-se daqueles momentos em que você se convenceu de iniciar a academia e algumas horas antes do grande momento, você começou a falar para você mesmo que bobagem seria tudo isso!? Pois então, para não sair da sua zona de conforto e não gastar mais energia do que o habitual, o seu cérebro prefere o piloto automático a criar novas rotinas. Não que isso seja ruim, porque não conseguiríamos fazer tantas coisas se fosse preciso pensar muito em cada ação, por isso um comportamento automatizado faz o cérebro mais eficiente. Mas já que querer é importante, mas não é o suficiente, o que devo fazer para criar hábito de estudo?
Quem vai falar sobre isso hoje com a gente é a pedagoga Sandra Pitanga.
Em toda sua vida escolar, você se lembra de alguém que de fato lhe ensinou a estudar? Ou parou para pensar em como o cérebro aprende?
Desenvolver habilidades cognitivas vai muito além de uma simples transmissão de conteúdos.
O que faz você aprender não é a decoreba. Quem estuda somente para a prova não constrói novas redes neurais, não garante a aprendizagem significativa e duradoura.
A aprendizagem envolve uma série de habilidades cognitivas e mecanismos mentais.
Algumas etapas são necessárias para fechar o ciclo da aprendizagem:
- assistir à aula com atenção (ENTENDER)
- estudar a tarefa no mesmo dia (APREENDER)
- ter uma boa noite de sono (FIXAR)
Ensinar ou fazer o aluno aprender? Como desenvolver habilidades e competências que sustentem o aprendizado?
É papel do educador e da família, proporcionar ao estudante condições para que ele desenvolva e crie meios próprios de estudar e aprender de forma independente e eficaz.
Um aluno motivado descobre seus talentos, o que eleva sua autoestima, A partir daí, ele desenvolve uma série de competências como a autonomia, perseverança, responsabilidade, capacidade de enfrentar desafios, de solucionar problemas, de tomar decisões assertivas, fazer boas escolhas.
É a maneira como ele se comporta diante dos desafios que o levará ao sucesso.
O educador, ou a família, podem orientar o aluno a fazer um mapeamento de seu perfil como estudante: levantamento de suas possibilidades e das maiores dificuldades. O aprender a estudar começa quando o aluno tem esta consciência. A partir daí, monta-se um roteiro com estratégias e métodos mais adequados ao seu perfil. Esse procedimento, além de desenvolver habilidades facilitadoras para o seu aprendizado, ajudará a tornar seu estudo mais significativo e de uma forma independente e prazerosa.
O hábito de estudo requer algumas práticas que devem ser diárias na vida do aluno. Vão desde a escolha de um espaço tranquilo e confortável até estar bem alimentado. Determinar o tempo de estudo, montar um cronograma, separar o material necessário (anotações, livros, agenda, estojo), garantir que não haverá nenhuma interferência externa que possa distraí-lo, também ajudam nesse processo.
E não podemos esquecer-nos de como o cérebro aprende.
Para facilitar a memorização e compreensão do que é estudado, alguns mecanismos mentais podem ser usados. Revisitar os conteúdos (que fortalece as sinapses), o uso de mapas conceituais, tabelas, resumos, uso de recursos audiovisuais ou sinestésicos (usar o próprio corpo, gravar e ouvir a própria voz), variar os tipos de exercícios e, ter uma boa noite de sono também é fundamental.
Alunos que aprendem a estudar e desenvolvem o hábito de estudo diário acabam estudando menos. Sentem-se mais seguros, autônomos e independentes. Aprimoram sua inteligência.
Sobre a autora
Sandra Pitanga é formada em Pedagogia pela PUC–SP, Pós-graduada em Linguagens da Arte pela USP, Pós-graduanda em Neurociência na Escola no Instituto Singularidades. Há 36 anos na área de educação, sua experiência é como professora de Ensino Fundamental 1, Orientadora de Estudos do Fundamental 1 e 2 e Orientadora de trabalho de Conclusão de Curso de alunos do 9º ano do Fundamental 2.
2 Comentários. Deixe novo
Parabéns, Adriessa! Levar esse tipo de conhecimento – por vezes tão distante da sala de aula – é fundamental e deveria ser inerente à prática de ensino de todo educador.
Bjs!
Muito obrigada Professora!
Muitas vezes esperamos resultados dos nossos alunos, sem nos darmos conta de que eles não sabem estudar, por isso, ensiná-los a estudar é um importante passo.
Beijos