Comemoramos do dia 12 a 18 de março, a Semana Nacional do Cérebro, que é uma iniciativa pautada na divulgação dos avanços e benefícios resultantes do estudo do cérebro promovidas em todo o Brasil pela Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento (SBNeC).
O tema escolhido para esse ano foi “A Educação Transforma” e como cérebro e educação são dois assuntos que a gente gosta de falar, não poderíamos ficar de fora.
Para a conversa de hoje, quero trazer um tema discutido na 1° edição da revista Neuroeducação, na qual indagava-se: A ciência do cérebro faz falta aos pedagogos?
Bom, a inclusão de disciplinas que abordem aspectos biológicos do aprendizado nos cursos de pedagogia brasileiros não é uma realidade ou um consenso. O diálogo entre a Neurociência e a prática do ensino está apenas começando nas grades curriculares de futuros educadores.
Segundo a pedagoga Tatiana de Moura Coutinho, que elaborou uma monografia intitulada “Educação e Neurociências: um olhar sobre a formação de pedagogos na Faculdade de Educação da UFMG”, a maioria dos professores e do colegiado que faz o currículo no curso de pedagogia, acha que esse conhecimento deve ser passado para os alunos, mas não de forma direta e sim inserido em disciplinas optativas ou em cursos de extensão. Os responsáveis pelo currículo consideram que a educação é muito ampla para ser explicada pela Neurociência.
Por outro lado, para aqueles que defendem a inclusão de uma nova disciplina que suscite questões sobre o funcionamento do cérebro e a aprendizagem, esbarram na questão da falta de profissionais qualificados para abordar a interface entre a Neurociência e a educação.
Se de um lado os professores e pedagogos não costumam estudar o funcionamento do cérebro e os processos biológicos envolvidos no aprendizado, os neurocientistas também pouco conhecem sobre o processo de ensino e aprendizagem em sala de aula, sobre metodologias e teorias da educação. Além disso, uma coisa é conhecer os mecanismos cerebrais; outra é aplicar o conhecimento sobre os processos mentais na prática pedagógica.
Para a professora Leonor Guerra, é imprescindível a investigação rigorosa e científica, dos achados da Neurociência aplicados à sala de aula, antes que se estabeleça qualquer aplicação educacional.
Já sabemos, por exemplo, com base em evidências neurocientíficas, que há uma correlação entre um ambiente rico e o aumento das sinapses. Mas quem define o que é um meio estimulante para cada tipo de aprendizado? Quais devem ser as intervenções para intensificar o efeito do meio? Como o aluno irá reagir?
“A Neurociência não fornece estratégias de ensino. Isso é trabalho da Pedagogia, por meio das didáticas”, diz Hamilton Haddad.
Como, então, o professor pode enriquecer o processo de ensino e aprendizagem usando as contribuições da Neurociência?
Bom, esse é uma estrada a ser percorrida e estamos aqui para fazer parte dessa caminhada, mas algo precisa ficar bem claro: a Neurociência não vem para disputar nenhum campo, mas sim para somar conhecimento; também não está habilitada para dar as receitas de bolo com soluções, como já dissemos por aqui. Uma vez estudada, a Neurociência pode mudar os “olhares” na prática pedagógica e isso eu posso dizer para você que funciona.
Até mais 🙂
Referências:
JONES, Frances. A ciência do cérebro faz falta aos pedagogos? Revista Neuroeducação, 2012.
SALA, Fernanda. Neurociência: como ela ajuda a entender a aprendizagem. Revista Nova Escola, 2012.
2 Comentários. Deixe novo
Fantástico, Adriessa! Esta deve ser a meta de todo bom educador, poder atrelar seus conhecimentos pedagógicos – específicos de sua área – à Neurociência. Sem dúvida, novos rumos e caminhos que levam ao sucesso surgirão no que concerne à prática pedagógica em sala de aula.
Esse diálogo é muito importante mesmo Professora. Ele ainda é tímido, mas já temos conquistas.
Agradeço a presença constante aqui e sua participação 🙂
Beijos